quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

“Não há clientes para tantos advogados”

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Marinho Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados,
reage a abandono da profissão por oito mil em seis anos.
Correio da Manhã – Quais as principais causas para oito mil advogados abandonarem a profissão nos últimos seis anos?
António Marinho Pinto – A explicação é simples: não há clientes para tantos advogados. Não há trabalho para tantos.
A única saída é, então, abandonar a profissão?
– Ao fim de uns anos de investimento numa profissão que não lhes permite viver, os advogados acabam por desistir.
O problema é o excesso de advogados?
– É necessário impedir que as universidades continuem a vender ilusões. O ensino do Direito na universidade prostitui-se a vender diplomas.
Os licenciados em Direito não estão, então, preparados para o estágio em advocacia?
– As universidades vendem a sua dignidade, cobram aos estudantes propinas exorbitantes e os alunos saem com um nível de conhecimentos baixíssimo. Chegou-se ao ponto de hoje ninguém reprovar nas universidades. Depois, saem sem saber nada.
De ano para ano, entende que o nível de conhecimentos é cada vez mais baixo?
– Antes do estágio, os novos licenciados têm de fazer um exame na Ordem, mas são de tal maneira fracos que nem com este exame estão preparados.
Há uma responsabilidade do Estado?
– Do Estado e com o ministro do Ensino Superior, Mariano Gago, à cabeça, que quer que a Ordem aceite todos os licenciados em Direito para realizarem o estágio, quando para trabalhar no Estado a licenciatura não é suficiente.
Qual é, então, a exigência suplementar do Estado?
– Para aceder a formação para a magistratura é exigido o mestrado ou um curso de cinco anos e não apenas um exame ou uma licenciatura de três anos, como é imposto à Ordem dos Advogados.

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