Marinho Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados,
Correio da Manhã – Quais as principais causas para oito mil advogados abandonarem a profissão nos últimos seis anos?reage a abandono da profissão por oito mil em seis anos.
António Marinho Pinto – A explicação é simples: não há clientes para tantos advogados. Não há trabalho para tantos.
– A única saída é, então, abandonar a profissão?
– Ao fim de uns anos de investimento numa profissão que não lhes permite viver, os advogados acabam por desistir.
– O problema é o excesso de advogados?
– É necessário impedir que as universidades continuem a vender ilusões. O ensino do Direito na universidade prostitui-se a vender diplomas.
– Os licenciados em Direito não estão, então, preparados para o estágio em advocacia?
– As universidades vendem a sua dignidade, cobram aos estudantes propinas exorbitantes e os alunos saem com um nível de conhecimentos baixíssimo. Chegou-se ao ponto de hoje ninguém reprovar nas universidades. Depois, saem sem saber nada.
– De ano para ano, entende que o nível de conhecimentos é cada vez mais baixo?
– Antes do estágio, os novos licenciados têm de fazer um exame na Ordem, mas são de tal maneira fracos que nem com este exame estão preparados.
– Há uma responsabilidade do Estado?
– Do Estado e com o ministro do Ensino Superior, Mariano Gago, à cabeça, que quer que a Ordem aceite todos os licenciados em Direito para realizarem o estágio, quando para trabalhar no Estado a licenciatura não é suficiente.
– Qual é, então, a exigência suplementar do Estado?
– Para aceder a formação para a magistratura é exigido o mestrado ou um curso de cinco anos e não apenas um exame ou uma licenciatura de três anos, como é imposto à Ordem dos Advogados.
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